sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Mergulho Transcendente

Quando esse 'poema' foi gerado, desgracei-o durante um mês! Me senti uma mãe má, confusa e insignifante por sentir tais coisas. Cerca de 4 dias depois de seu aniversário de 1 mês, fui acometida e invadida pelo sentimento carregado e expressado nele, percebi que tudo o que ele queria dizer, estava em erupção dentro de mim. Assim, agora ele vive, e expressa o que deve, para quem quiser entender.


Morrendo um pé na areia, mente elíptica,
corpo macilento abraçado no vestido leve, surrado. Desprendimento e agonia a percutir na matéria.

Como consumida pelo mar tranqüilo,
fico lá embaixo, de olhos bem fechados,
corpo a mercê de maiores forças,
sentimento de animal de água, corpo fundido ao sal,
sal fundido às células. Vai e vem de embalo marinho.
Sim, lá eu me senti forte, corajosa, importante,
animal selvagem parindo em pleno oceano.

Parindo um pé no céu, uma mente espiral e
um corpo austero, revestido de metafísica e nudez original.
Desprendimento e alforria a percutir pela matéria.

Por Lisys

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Ser e deixar de ser

Diz Oscar Wilde, que definir-se é delimitar-se, talvez sim. Tais delimitações, porém, não são imutáveis, estão sujeitas a variações a todo momento, podemos quebrar suas barreiras sempre que necessário, conveniente, ou quando simplesmente nos der na telha. O espaço se tornou pequeno? Estendamos a cerca, rompenhamos as fronteiras. Ser para depois não sê-lo, eis a maior ousadia e também necessidade humana. Só se compreende as coisas em seu sentido cabalístico quando se ousa ser tudo, o que não impede, entretanto, voltarmos ao "nada inicial", condição primeira e também última do homem. A solução para uma definição obsoleta é nada além do que a redefinição. Redefinir e nada mais. Ser ora isso, ora aquilo, ora acolá... Ser Sonja , e amanhã se tornar quem sabe Maria ou Catarina. Hoje sedentária, amanhã andarilha ou talvez ainda sedentária. Há que se entender que todas as definições são transitórias, contudo, a efemeridade delas não nos impede usá-las. O posicionamente é sempre vital, mesmo que depois surja o arrependimento ou percebamos os equívocos cometidos. A mudança é uma das características mais ricas do ser humano, não usá-las é quase negar nossa condição, o definir permite sempre a redefinição. A tese e a antítese. Diz sabiamente, Lou Salomé: "Ouse ser", o façamos então! Somos nada além que a constante mutação que teima em definir-se, e só.

Por Sonja

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Intimidação divina ou Da divindade

- Ei! Criatura das Sombras...
- Eu?! Quem és tu?
- Siga a luz...
- Luz?! Onde está a luz?
- Eu sou a luz, sou as coisas da vida.
- Coisas da noite, ou coisas do dia? Quem és tu e o que me trazes?
- De acordo com minha experiência subjetiva, descobri que sou deus.
- Deus?! Abstrato ou concreto? Como devo agir em relação a isso?
- Adorar-me! É isso que fazem com deus, adoram-no. É o que cabe a você,como minha primeira devota, adorar-me.
- Enquanto meu deus, posso atribuir-lhe as culpas e as glórias.Agüentaria tanta responsabilidade?
- Não, você não sabe nada a respeito de adorações.
- O deus é meu, adoro-o e interpreto-o como bem devo e quero.
- O que eu sou precede a tua existência. Não sou o deus da culpa, e sim da libertação.
- E do que ou quem libertaria seus devotos?
- Queres descobrir o segredo de deus?!
- Quero descobrir todos os segredos de meu deus, só se ama o conhecido. Conhecê-lo, desvendá-lo e finalmente adorá-lo.
- O que queres de deus?
- Há limites para meus pedidos?
- Deus não concebe a idéia de limites.
- Pois bem, quero as coisas da vida, quero as coisas da noite, quero as coisas do dia. É capaz de conseguí-las?
- Pois bem, queres então deus.


Por Lisys e Sonja